quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Maciel maciez

maciel maçã arte eubiose
quem degusta vê mais consome
passa lhe mão nome não come
sim cresce fibra engole dose
maciez lê fibra eubiose
leitor livrador de artrose


Clodomir 25.09.13

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A CHATA / O PRIMEIRO CENTENÁRIO

Clodomir Monteiro


1877 – Seca de boca aberta
            Gente cheia de fome
            Seringa sobe e desce
            Mata se abre e fecha

            A água mexe

1977 – No corte copo aperta
            O tempo funda o mito
            Leite encurta leito
            Povo perde o centro

            Na praia a proa

1877 – No porto patrão esperto
            Brabo avia a vinda
            Preço sobe e desce
            Gente
Se engana e vende

O sonho tece

1977 – Estiva estica estoque
            O povo estanca seu rio
            A chata vida escorre
            Posse tocaia a bala

            O sangue em terra

1877 – Bem virgem tribo dança
            Canta adoçando açudes
            Correria caçando incha
            Pálido escravo escreve

            Na água o mapa

1977 – Estado empresa invasão
            Paulista tomando terra
            Caboclo tombando pinga
            Queimando gado fazenda

            Borracha apaga

1877 – Nordeste Galvez lenda
            E tratados demarcação
            Castanha caça e pesca
            Mata estala entoperce

            Fumaça cresce

1977 – Empresário bóia-fria
            Gato laçando mateiro
            A trinca no caminhão
            Corrente em cada mão

            De-obra escrava
           
            E longe multi investe
            Grileiro posseiro peão
            Rádio jornal e televisão
            O gado se engorda e desce

            O Acre achata


Poema publicado originalmente in:
Antologia dos Poetas Acreanos 1986. Rio Branco: Fundação Cultural/Casa do Poeta Acreano, 1986. p. 51-53