sábado, 24 de março de 2012

O QUARTO LADO DA VIDA (***)

me mando pro mar das bermudas
vestindo casaco e na proa
sou parte anterior desta nau

não falo se olho me penso
dormindo no musgo do casco
mergulho na linha do som

pretendo afundar os três cones
sumindo nos vãos de meus dedos
são furos na água do nada

se sopro sedentro de ar
percebo meu mastro agitado
sem nada na onda que anda

se finjo renascer de um boto
rosando regaços de virgens
são penas que apenas depeno

roendo memória de amigos
retiro o casaco e me abraço
navego eu andor da existência

resisto descer ao convés
reato os três lados da barca
não sei se já vou ancorar

o barco de quem me decifra
no quarto lado navega

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(***) obs: este poema completo contém sua repetição. Sendo escrito a partir da leitura de baixo para cima, incluindo o título (que ficaria no fim do poema). Sugiro que esta leitura de baixo para cima, o leitor deve fazê-la para sugerir a navegação que me decifra (a mim que é também o próprio leitor lendo-se).

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