sábado, 24 de março de 2012

O QUARTO LADO DA VIDA (***)

me mando pro mar das bermudas
vestindo casaco e na proa
sou parte anterior desta nau

não falo se olho me penso
dormindo no musgo do casco
mergulho na linha do som

pretendo afundar os três cones
sumindo nos vãos de meus dedos
são furos na água do nada

se sopro sedentro de ar
percebo meu mastro agitado
sem nada na onda que anda

se finjo renascer de um boto
rosando regaços de virgens
são penas que apenas depeno

roendo memória de amigos
retiro o casaco e me abraço
navego eu andor da existência

resisto descer ao convés
reato os três lados da barca
não sei se já vou ancorar

o barco de quem me decifra
no quarto lado navega

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(***) obs: este poema completo contém sua repetição. Sendo escrito a partir da leitura de baixo para cima, incluindo o título (que ficaria no fim do poema). Sugiro que esta leitura de baixo para cima, o leitor deve fazê-la para sugerir a navegação que me decifra (a mim que é também o próprio leitor lendo-se).

VIDE SOBRE ÁGUAS DE MARÇO

Clodomir Monteiro
em 07.03.2012


seu tronco sustenta filhos de amores
acasos sabores outras auroras
torcidos perfeitos tecidos vivos

galhos memórias balançam  histórias
invernos verões varoas visões
equilibram saltos medos de chão

folhas e chás em recheios de ontem
beijos e caldos rialma espalhados
bebem segredos botões flores andores

frutos desfrutes correm curam ser veias
veio seio vida pai mãe família
bicos paz mares fé guias de luz

raízes troncos sãos folhas madrinhas
corda acorda reforma memória
mulher quer mundo dormindo de amor

uma bola em cima outra em baixo
dia alimenta de noite amamenta
oito internacional da natureza

ENTREVENTOS

Clodomir Monteiro


quatorze mais catorze vinte e oito
hoje é dia de biscoito
ainda não comi nenhum

com mais sete vinte e hum
poe mão do zum mais zum
dia poesia dum dum dum

através celebraremos
um dos dias de poesia
coça aqui cossaco lá

dio acabei desfazer um

sexta-feira, 23 de março de 2012

O PAI A FLECHA A GOSTO

Sagittaria montevidensis, Cham.et Schlecht
O PAI A FLECHA A GOSTO
Quem gera a flecha octogonal


 I
Introdução do pai outono

o pai na flecha que o define
não finda o fim de quem o tem
se quem não tem vivo o seu arco
vive a procura pela haste
arremessada sem a ponta


II

constante arte armadeira

constante a haste de madeira
provida pedra aguçada
pontuda tem inconstante ferro
flèche a origem fala mecha
penas ou barbas nesta langue


III

objeto forma da flecha

se quem ataca quer vencer
munida vem de um entalhe
adaptado à corda d`arco
o pai será bem conformado
ele objeto flecha e seta


IV

pai geometria octogonal

a quem do raio perpendicular
à corda o pai acerta geometria
flecha jungida entre esta e o arco
gera figura a outra flecha bela
da natureza parteira da vida


V

na arquitetura dos arque dutos

agulha de piramidal remate
da torre igreja obra sacro oficio
templo arquiteto demais edifícios
o pai agulha construtor profano
provê fachada santos aquedutos


VI

paterna construção mecânica

Pai curvatura viga que situa
peça obediente transversal esforço
integra inteiro o seu comprimento
à largura abaixo e acima flutua
não cria só com a terra mãe atua


VII

reina Sagittaria montevidensis

na embocadura também reina flecha
do pai rebento enxerto terminal
flecha galocha a proteger a brecha
inflorescência fogo das gramíneas
pai planta aquática ornamental


VIII

botão da paternidade botânica

sinal do desenho certeira flecha
durante a vida educa e dirige
pai quase sempre martim-pescador.
busca comida outonando amor
flecha de parto filho pai revive

Clodomir Monteiro
Rio Branco, 1/ 2.8.2007

PARA VERDES CAVALEIROS

Clodomir Monteiro
23/06/2007

       
Cavaleiro galopa letra amansa
de verdes ver atol da esperança
ao ver brilhar no céu planeta vênus  
madruga e dança belo Peter Pança

vai galopando a palavra vesgo
na noite circulando sonho alcança
jamais denota esmos em si mesmos
amadurece a sazão da infância

coração trota esperando o mote
que escreveu e conviveu com simpleces
o seu chicote acalma Don Quixote
ao ler Machado pega sua acha

mas conta o conto do cavalo obeso
por ter comido e soletrado os príncipes
e a gulodice deixou ventre preso
        ficou rodando de cabeça baixa
  
agora trota ao largo do meu passo
cavalga coração não quer cabresto
é como é, e não aperto o laço,
não se perde nem eu enfarto o texto

DIAGNÓSTICO


No dia o tempo de virar o sol
na noite o tempo de soltar a lua
enquanto o dia não engole o sol
enquanto a noite não quiser ser nua
ninguém sabe se comendo o dia
a lua chega e o saber atua
quem é quem por dentro
quem é quem na margem?
se sempre o homem semeou na mente
se sempre a vida segue seu roteiro
se sempre a planta vem de uma semente
se sempre o fruto é que nos sustenta
se sempre a morte vai mudar sua sorte
por que saber o que se faz na rua
pescar o sol sem ser um bom anzol
durante o dia se conhece o gato
durante a noite se descobre o pardo
nem sempre claro anoitece a tarde
nem sempre cedo a
diar
o medo certo
comendo o dia alimento a cor
olhando a noite elimino a dor
olho correndo vai formando a rota
o sol surgindo de uma lua morta
: no diagnose do que é ( e não )
estamos prontos para
planejar o que fomos e seremos
no dia se amortece a noite
e ela sobe
através

PONTOS DA INDIA


Tao talvez na balança
consiga mesmo olhando
Darmas de outras eras

eras em horas meditas
as mãos cheias vazias
vias mergulho no mar

tao fugaz aparência
os atos nos pratos eternos
via vontade do darma

vivi na India mil vezes
mil sacrificios de Deus
lila no palco de Krishna

Maya traz ilusão da coxia
deixa, no ato, magia real
Karma incorpora poesia

tao serenos poetas de Brahman
inspirados por Upanishads
drama essência de Atman

ouvimos mil tantras na India
tantas vezes coxias divinas
neste palco poetas de Lila

LA EVOLUCIÓN DE LOS PINOS

"LA EVOLUCIÓN DE LOS PINOS
ES COMO EL “BOLERO RAVEL”



Mozart embala meu sonho
e me encanta Ravel
você transporta os dois
meu tema sempre filipe
amo os dois e você

ao re rever este olhar
linda sonata de luz
terna emoção me invade
já não me sinto tão triste
amo os dois clara e gema


não tenho inveja de Mozart
não me fascina Bethovem
quem me derrota é Ravel
bolero eterno insiste
sou sua pele de novo

esta sonata me acalma
me faz dormir em seu seio
mas é preciso acordar
programo só cinco vezes
`stou entre a casca e o ovo


Ravel nos lembra infinito
nascer morrer e migrar
é a evolução dos pinheiros
proclamo três almas gemeas
amo nós dois e você



LA EVOLUCIÓN DE LOS PINOS ES COMO EL “BOLERO DE RAVEL” Así, después de más 100 millones de años, la evolución de los pinos, a medida que sabemos más cosas de ella, se parece cada vez más al Bolero de Ravel, en el que el mismo tema se repite una y otra vez en una constante colonización de ambientes áridos (tanto fríos como secos) y una continua extinción de linajes y especies que no logran sobrevivir a un cambio lento en las condiciones ecológicas.